Em certo recôncavo de mim mesma, Existe um baú guardado – antigo e empoeirado. Hoje, nem por que sei, olhei-o com maior atenção, Procurei a chave que abre o dourado cadeado. Um Ãmpeto desenfreado me atraÃa para ele, Tremula destranquei-o – senti forte cheiro de passado. Rebusquei ...mexi em velhas lembranças, Encontrei imagens diáfanas – sonhos interminados. Odor de relÃquias – de um museu humano, Pedaços de uma história de vida – saga de um amor. Pingos de sangue da ferida novamente aberta, Pela amargura da despedida – ah! Imensa dor. Olhos marejados olham objetos envelhecidos, Tentando entender todo o sentido de imenso segredo, Por que uma alma guarda trancadas lembranças antigas, Será para esconder do mundo seu maior medo? Ou para camuflar com falsos sorrisos uma alegria inexistente? Quem sabe é só para se proteger do sofrer. Do terror que toma conta do espÃrito num constante crescer Quando percebe que o sentido de viver está a perder. Olhei dentro deste pequeno santuário de nostalgia, Fechei-o – o enterrarei Não quero ter de vagar pelo resto dos tempos Caminhando sobre os sonhos que já sepultei. Vou secar todas as lágrimas com sopros de esperança, Deixar me dominar pelos arrojos da paixão. Permitir me altos vôos – saudar o renascer, Destrancar as portas do meu coração.
Autor da mensagem: Maria Lucilia Cardoso
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