Perdida na madrugada – sozinha em devaneios Sinto a vida que pulsa... longe de mim. Com olhar vago te busco nas esquinas do tempo, Não te vejo... horas se arrastam em agonia sem fim. Viro-me no leito... reviro lençóis. Abraço o travesseiro – confesso o pavor De perder-te para a amargura que assola, De ser somente o reflexo da tristeza – sentida dor. Ah! Medo desatinado – perdição de meu ser Que tiras de meu espÃrito o sossego derradeiro Que te infiltras como erva daninha em jardim de flor, Que me atormentas renegando o amor verdadeiro. Medo de ser somente esquecimento De perder a razão – insana viver Porque o medo quando da alma se apodera, Rouba a lucidez – deixa somente o ser pelo ser. Medo de morrer para o amor, De partir sem ter provado o verdadeiro – ir virgem. Deixar sem desvendar meus segredos – mistérios do Ãntimo, Pobres lembranças deixadas no embarque – derradeira viagem. Medo? Sim tenho muito medo De não ter o instante necessário para num brado sufocado Dizer ao mundo o quanto te amo – o quão eterno será Que em qualquer lugar és meu – imensamente desejado.
Autor da mensagem: Maria Lucilia Cardoso
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